Já não basta saber que a Suzana Vieira ainda existe nem ouvir Luan Santana tocando o dia todo nas rádios do nosso Brasil. Seja a bordo de uma Porsche Cayenne ou balançando o corpo na descida pro Chevettinho pegar no tranco, sempre virá um filho da puta do nada pra enfiar a mão na buzina e foder de vez com a sua vida.
Nos tempos de outrora, era utilizada com parcimônia para cumprimentar o cidadão do carro ao lado no caminho do serviço ou para presentear com gracejos as mais belas donzelas ao som de um simpático “bibi”. Mas no mundo moderno, assim como o músculo, o patinho, o coxão mole e o acém (moído ou em pedaços), a buzina virou carne de vaca.
Vai buscar o filho na escola? Ensina o guri como se faz e mete a mão na buzina.
Foi ferrado por um motoboy? Mete a mão na buzina, por que não? Porque essa classe profissional que é mais polêmica que qualquer mamilo também deu a sua contribuição para o que já era insuportável ficar ainda pior: a famosa buzininha ininterrupta que atormenta milhões e milhões de motoristas na lentidão da Marginal enquanto uma fileira de ‘cabritos’ passa por entre os carros, arranhando latarias e arrancando retrovisores.
Agora alguém pode perguntar: “E se eu levar uma fechada no meio da 23 de maio?”
Mete a mão na buzina, claro, esquecendo-se que o ato de erguer o dedo médio tem a mesma precisão da mira de um sniper e um poder de humilhação muito maior que aquele fooooooom! que só serve pra explodir o quarteirão inteiro de raiva.
E você?
“Eu?”
Você mesmo.
Se você é uma daquelas pessoas que, mesmo com o trânsito completamente parado ou – pior ainda – com o sinal vermelho, enfia a mão na buzina pra quem está na sua frente, qual a justificativa pra isso?
Pressa? Stress? Cansaço? O cacete!
A única justificativa plausível é que você é um(a) imbecil. E se o idiota do carro da frente for ainda mais imbecil do que você, é o impulso que faltava pra ele enfiar a mão na sua cara. E com toda razão, pois convenhamos: alguém já viu o trânsito começar a fluir como num passe de mágica só com uma buzinadinha?
Se buzina fizesse milagre, era só fazer “fom-fom” pra água virar vinho. Mas ainda assim, não queremos crucificar a buzina. Afinal, até que ela tem sua utilidade. O problema é justamente aquela pecinha que geralmente fica atrás do volante do seu carro.
#MarceloGavini 